Ex-Prefeita Micarla chora em depoimento na justiça federal

A ex-prefeita Micarla de Sousa, acusada de participar do esquema de corrupção revelado pela operação Assepsia, do Ministério Público, chegou à sede da Justiça Federal, na noite desta segunda-feira (8), para prestar depoimento, acompanhada pela mãe, Mirian de Souza, a irmã Priscila de Souza e seus advogados.

Durante o depoimento, que durou mais de uma hora, a acusada chorou ao ser questionada se haveria enriquecido depois do período que ficou à frente do poder Executivo de Natal. Micarla respondeu que se tivesse saído mais enriquecida, a família não teria vendido o maior bem, a TV Ponta Negra. “Meu patrimônio diminuiu. E não foi só o meu, foi da minha família também”. Disse Micarla.

A ex-prefeita defendeu Assis Rocha e seus ex-auxiliares na prefeitura, Fernando Luna, ex-secretário de Planejamento, e Bruno Macedo, ex-procurador-geral do Município, todos réus no processo movido pelo Ministério Público Federal. O processo é resultado da Operação que investigou contratos entre a Prefeitura de Natal e a Organização Social (OS) Marca. Essa organização social foi responsável por gerir os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) e a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Pajuçara.

Segundo ela, Luna e Assis Rocha também não tiveram mudanças na sua vida financeira. “Luna e Assis continuam do mesmo jeito pelo que eu sei”, acrescentouMicarla de Sousa. Ela garantiu que não sabia de nenhum favorecimento eventualmente dado à Marca. Segundo ela, só soube depois que a Operação foi deflagrada e alega ter sido vítima de traição e culpa ex-secretários por supostos desvios na Saúde de Natal. “O senhor sabe o que é uma mulher traída, sempre a última a saber”, disse.

Questionada pelo procurador da República Fernando Rocha, Micarla de Sousa não falou sobre o valor do seu patrimônio e disse apenas que sua renda era originária de doações da sua mãe, Miriam de Sousa, e da rádio 95FM, da qual ainda é sócia. O procurador perguntou também se Micarla não sabia que Marca tinha fins lucrativos, o que vai de encontro com a legislação que regula as OS. A ex-prefeita disse que desconhecia. Micarla de Sousa negou envolvimento em qualquer irregularidade e afirmou que se sentiu traída com as notícias de corrupção.

Micarla chorou ao afirmar ter prometido no leito de morte de seu pai, o ex-senadorCarlos Alberto de Sousa, que cuidaria do patrimônio da família daquele em momento em diante. Além disso, lembrou de questionamentos de um de seus filhos. “Mãe porque te chamam de ladra se a gente está passando pelo o que a gente passou?”, disse durante a audiência.

Da Tribuna do Norte