Subsídios para a história da toponímia rural apodiense - Sítio "Santa Rosa"

Todos os renomados historiadores que abordaram a temática do processo de ocupação do solo da região Oeste-Potiguar, foram unânimes em afirmarem que este se dera de forma lenta e gradual, devido a tenaz resistência dos núcleos indígenas que infestavam os inóspitos e quase indevassáveis sertões. 

A metodologia empregada para a efetiva utilização das vastas extensões de terras para acomodação dos currais de gado oriundos da região pernambucana do Rio de São Francisco seguiu dois padrões : A COLONIZAÇÃO DE EXPLORAÇÃO e a COLONIZAÇÃO DE POVOAMENTO.

Dentre o cabedal de arrojo e denodo empregados para a concretude da COLONIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO, há que se afirmar que o mérito atrela-se ao estoicismo da tradicional família NOGUEIRA FERREIRA, oriunda da Paraíba, comandada pelo célebre patriarca MATHIAS DE FREITAS NOGUEIRA (Paraibano) e esposa Antonia Nogueira Ferreira (Pernambucana). Acompanhados dos filhos e de alguns escravos, protagonizaram a epopeia da primeira corrente colonizadora encetada ao sertão da então Pody, em Janeiro de 1680. 

O profícuo historiador ROCHA POMBO foi enfático ao afirmar que a região de Apodi constituiu o núcleo irradiador de todo o processo de ocupação e povoamento das terras que hoje representam as regiões do médio e alto Oeste potiguar. Penetraram o Ceará acompanhando a região lindeira que compreende o alto e o baixo Jaguaribe, seguindo vetusta vereda indígena que daria origem à Estrada Real do Jaguaribe, que é a atual BR-116, que corta todo o vale jaguaribano. Essa dinâmica família colonizadora adentrou a nossa atual CHAPADA DO APODI subindo as escarpas da serra no lugar denominado de "Olho D'água da Bica", no atual município de Tabuleiro do Norte-CE. 

Naquele remoto ano de 1680 ainda era muito confuso o limite entre as Capitanias do Rio Grande e Siará Grande (sic). Daí que alguns historiadores cearenses, inadvertidamente, incluíam a região do Apodi como parte integrante da região jaguaribana. 

Do ano de 1940 pra cá, tem-se as áreas territoriais dos municípios de Russas, Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte como integrantes da vasta e fértil CHAPADA DO APODI.

Imagina-se quão árduo e afanoso fora esse percurso colonizador, atravessando toda a vasta extensão da então "SERRA PODY DOS ENCANTOS", conforme consta nas petições dos que requeriam as concessões das famosas e disputadas "Datas de Sesmarias", que mediam três léguas de comprido por uma de largura. Enfrentaram a ferocidade dos animais silvestres e o irrefreável instinto belicoso dos nossos indígenas, que em verdade estavam a defenderem a legitimidade dos seus domínios territoriais. 

Pode-se afirmar, à luz de documentos oficiais irrefutáveis, que o período da COLONIZAÇÃO DE EXPLORAÇÃO atinge o decurso cronológico compreendido entre os ano de 1680 a 1715, quando o bravo Entradista Manoel Nogueira Ferreira faleceu em sua fazenda "Outeiro", próximo a então lagoa do índigo guerreiro Itaú, no dia 17 de Janeiro de 1715, contando a idade de 60 anos, após plantar os primeiros marcos da civilização em solo apodiense. Antigos apodienses afirmavam que a fazenda "Outeiro" situava-se em terras onde hoje se acha encravada a fazenda "Cruz de Almas".

Sucinta análise das relações estabelecidas entre Entradistas, missionários e indígenas revelam que a COLONIZAÇÃO DE POVOAMENTO da região da antiga Ribeira do Apodi atingiu uma fase em que houve considerável avanço da ocupação do solo, quando fazendeiros pernambucanos do Rio de São Francisco adentraram o sertão apodiense tangendo seus numerosos rebanhos de gado, para instalarem seus currais nas férteis terras que compreendem o atual "Vale do Apodi", semi-desertas pela devastadora ação exterminadora ao gentio indígena, empreendida pelo famoso "Terço dos Paulistas", comandado pelo famanaz bandeirante paulista MORAIS NAVARRO, que fora precedido pelo não menos célebre bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, o famoso "Calção de Couro". Essas incursões belicosas tinha como objetivo único a fixação de famílias portuguesas nesses rincões nordestinos. Atinge o período de 1715 a 1831, quando foram cessadas as concessões de "Datas de Sesmarias".

Observe-se que todas as terras que compreendem o atual "Vale do Apodi" constituíam o vasto feudo territorial da família NOGUEIRA, englobando oito "Datas de Sesmarias", cada uma medindo três léguas de comprido por uma de largura. Nesse contexto, englobam- a "Data de Santa Rosa", que até o ano de 1783 integrava e recebia a denominação de "Data da Alagoa Pody", que desde o ano de 1680 pertencia ao bravo Manoel Nogueira Ferreira, segundo irrefutável manuscrito do abnegado historiador NONATO MOTA. As terras da "Data da Lagoa Pody" compreendia uma parte de terras conhecidas como "lagoa do braço do cajueiro", que se estendia do lado sul da lagoa Pody até as terras da fazenda que viria a ser denominada de "Santa Rosa".


Por morte de Manoel Nogueira em 1715, estas terras foram herdadas por sua filha Margarida de Freitas Nogueira e pela irmã de Manoel , de nome Antonia de Freitas Nogueira,(1652-1772), que fora fundadora do Apodi. Em 1750 Antonia de Freitas Nogueira estava senil, contando a avançada idade de 102 anos, sendo os seus bens administrados por seu cunhado o Capitão Carlos Vidal Borromeu, que era português. Em 1755, a requerimento do Capitão Francisco Nogueira, sobrinho de Antonia de Freitas, estas terras foram levadas à leilão em hasta pública realizada em "Afogados do Recife" para o pagamento de 400 mil réis que Antonia e Margarida deviam aos ROCHA PITA (Sesmeiros baianos). A "Data" foi arrematada por Cristóvão da Rocha Pita por 700 mil réis e este vendeu a metade a seu irmão Francisco da Rocha Pita. Por falecimento deste, ditas terras foram arrematadas por seu filho Thomé Lançareto Pereira Pita.

HISTÓRIA DO REFERENCIAL TOPONÍMICO "SANTA ROSA".
Ponte sobre o rio Apodi no Sitio Santa Rosa

Estas férteis terras só passaram a receberem a denominação de "DATA DE SANTA ROSA" a partir do dia 23 de Março de 1783, quando o rico fazendeiro João Pereira da Costa (1º deste nome e pai do 2º) comprou ditas terras ao Sr. José Ramalho do Espírito Santo por 400 mil réis, que por sua vez as havia comprado pela mesma quantia a Thomé Pita em 22 de Julho de 1782.

A denominação toponímica foi feita em homenagem à destemida matriarca ROSA MARIA DO E. SANTO, filha do português Manoel Raposo da Câmara e Antonia da Silva. Rosa casou com o rico criador de gado CAETANO GOMES DE OLIVEIRA, e foram pais de ANA ROSA, que veio a casar com FRANCISCO XAVIER DA COSTA, que era filho de João Pereira da Costa e Francisca dos Santos de Azevedo. Esta matriarca faleceu em sua fazenda "Santa Rosa" a 01.06.1840, tendo seu esposo falecido a 26.04.1839. São tronco inicial da vasta e tradicional família CAETANO, disseminada em todo o município de Apodi. 

Um fato interessante reside no fato de que o nosso ilustre historiador Coriolano (Manoel Antonio de Oliveira Coriolano) era neto materno deste venturoso casal. Mundico Jararaca era neto do historiador Coriolano. As irmãs (Professoras) dona Biluquinha e Sinhazinha de Sebastião Paulo eram trinetas do casal CAETANO GOMES/ ROSA MARIA.

Por Marcos Pinto. (07.11.2014).
Antonio Praxedes Filho - Blog Potyline