Especialistas veem riscos em parceria do Botafogo com empresa americana

Especialistas veem riscos em parceria do Botafogo com empresa americana
Investigação a respeito da atuação da TelexFree no Brasil pode atrapalhar repasse das verbas de patrocínio ao clube carioca e prejudicar imagem

O que seria motivo apenas para comemoração pode gerar uma grande dor de cabeça em General Severiano. A assinatura do contrato de patrocínio do Botafogo com a TelexFree, empresa americana do ramo de comunicação que está proibida de atuar no Brasil, ainda pode gerar muitos problemas, como explicam diversos especialistas à reportagem do “SporTV News” (assista ao vídeo).

- A empresa está sendo investigada há seis meses pelo Ministério Público do Acre e também de outros estados, além da Receita Federal e outras fontes. Se eventualmente acabar comprovado que todas essas acusações são verdadeiras, haverá um contingente muito grande de pessoas com interesse em serem indenizadas pelos prejuízos. E se isso acontecer, o repasse do patrocínio acaba ficando comprometido - diz Cláudio Lins de Vasconcelos, especialista em Direito Internacional.

No Brasil, a empresa está há seis meses impedida de operar. É investigada e suspeita de liderar um esquema de pirâmide financeira. Mas o acordo com o clube carioca foi feito pela matriz americana. Em reportagem anterior do “SporTV News”, o presidente da Telex Free, James Merril, se baseia nessa diferença entre as duas sedes para não temer qualquer tipo de acusação. O especialista em direito internacional, Claudio Vasconcellos, discorda.
TelexFree passa a vestir o Botafogo em 2014
(Foto: Vitor Silva / SSPress)

- Essa separação baseada exclusivamente na existência de uma fronteira física, fato de serem países diferentes, ela é apenas relativa. Não impede que eventualmente a Receita Federal ou a Justiça possam ter acesso.

A Receita Federal é um segundo problema, mas desta vez com o Botafogo, e consequentemente isso pode atrapalhar o planejamento do clube em relação aos dividendos oriundos do patrocínio.

- Se o Botafogo estiver em débito, débitos abertos com a Receita Federal, é possível que a Procuradoria peça o bloqueio desses bens - explica Bianca Xavier, especialista em Direito Tributário.

A dívida do Botafogo existe. Tanto é que a torcida alvinegra acaba de lançar a campanha "Botafogo sem dívidas". A partir de uma contribuição de R$ 20, o torcedor pode ajudar a quitar os débitos com a Fazenda Nacional. Segundo o próprio site da campanha, atualmente o clube deve mais de 129 milhões de reais.

- O fato de ser um transação internacional não impede que a Fazenda Pública busque esse dinheiro. Claro que é muito mais difícil. A operação dificulta a Fazenda a chegar nesse valor, mas não é impossível - destaca Bianca Xavier.

Por outro lado, em uma semana, muito se falou dessa parceria sempre cercada de polêmicas. Sylvio Maia, especialista em marketing esportivo, lembra que em pouco tempo a TelexFree já se fez conhecida no país.

TelexFree é pivô de processos no Brasil
(Foto: Reprodução/ SporTV)

- Como visão de marketing, olhando para o lado mercadológico, para a marca TelexFree é fantástico, porque está saindo de uma empresa que ninguém conhecia para uma projeção enorme em termos de visibilidade.

O que todos no Botafogo não querem é que a possibilidade de novos lucros com o novo patrocinador se torne a chance de ter a imagem arranhada.

- Quando gera esse tipo de especulação já gera desgaste, mas aí o pessoal de gestão de crise do Botafogo sabe tratar, porque futebol é uma crise eterna - concluiu Sylvio Maia.

O Botafogo afirma que já prestou todos os esclarecimentos em relação ao acordo no dia do anúncio da parceria, na última quinta-feira. Por isso, não concedeu entrevista para a reportagem do “SporTV News”.

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