Ex-mulher de Cachoeira diz que nada tem a ver com negócios do ex-marido

A ex-mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andréa Aprígio e Souza, afirmou em sua exposição inicial na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que nada tem a ver com o suposto esquema criminoso que teria sido montado pelo ex-marido.

Ela disse que suas empresas estão em situação legal e que não está sendo investigada pela Polícia Federal, mas pela imprensa. "Com o devido respeito, [os jornalistas] devem investigar melhor os fatos", afirmou. Ela é sócia de três empresas: uma construtora, um laboratório farmacêutico e uma fundação cultural.

Apesar de dispor de um habeas corpus que lhe dava garantias para permanecer em silêncio, ela fez uma exposição inicial e depois evocou o direito de não responder a nenhuma pergunta. Em razão do fato de ter feito a exposição, ela não foi dispensada das perguntas, como ocorreu com os demais depoentes que se valeram do mesmo direito. Contra a vontade dela, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), insistiu em fazer perguntas.

Na exposição, ela disse que, enquanto foi casada com Cachoeira, sempre o respeitou e o admirou, mas tinha uma vida profissional distinta. Afirmou também que sempre procurou pautar sua vida por princípios éticos. "Cada um deve responder na medida dos seus atos", disse.

Ela afirmou que está sendo envolvida em uma questão que não lhe diz respeito. "Os senhores acreditam sinceramente que alguém deixaria algum bem em nome de ex-exposa ou ex-marido?", questionou.

"O patrimônio que está em meu nome é fruto de uma partilha de bens, fruto de uma separação consensual, feita em juízo. É também fruto do meu trabalho. Sou engenheira civil e advogada. Sou capaz de comportar o crescimento do meu patrimônio", afirmou.

Andréa afirmou que está extremamente desconfortável com a exposição pública da sua imagem, que considera excessiva. Ao se recusar a falar, disse que tem de pensar primeiramente em seus filhos, que estão angustiados com a situação do pai. Disse que os filhos sofrem pressão dos amigos na escola e choram constantemente. "Preciso preservar meus filhos, que estão em fase de adolescência e pré-adolescência, que já são fases complicadas por si só", disse.

Empréstimo

Andréa não quis esclarecer os questionamentos do relator sobre um empréstimo de R$ 1,9 milhão que ela teria recebido de Cachoeira em 2007.

"Ela toma dinheiro emprestado para Cachoeira depois da separação. O dado concreto é que ele empresta à senhora R$ 1,9 milhão. Nós precisamos e devemos suspeitar de um empréstimo como este", disse o parlamentar

A resposta de Andréa foi evasiva. "Deveria estar precisando, mas gostaria de não responder".

O deputado não teve resposta sobre o questionamento de um contrato de compra e venda encontrado na casa do irmão de Andrea, Adriano Aprígio, após um mandato de busca e apreensão. O documento previa a transferência de bens, avaliados em mais de R$ 5,3 milhões, para a irmã.

Laboratório

Andréa foi casada com o contraventor por quase 20 anos. Após a separação, ela se tornou dona do laboratório Vitapan, empresa supostamente integrante do esquema. A Vitapan tem sede em Goiânia e passou a ser dirigida por Andréa após a saída dos dois antigos diretores, que são irmãos dela.

Segundo Andréa, a empresa nunca fez pressão política para ser favorecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Todas as reuniões foram técnicas sendo tratadas questões comuns às indústrias farmacêuticas e estão em atas públicas", disse.

Um dos irmãos, Aprígio de Souza, foi preso na Operação Monte Carlo sob suspeita de ser o tesoureiro de parte das finanças ilegais de Cachoeira. Também há suspeita de favorecimento do laboratório com lobby do ex-senador Demóstenes Torres na Anvisa.

* Com informações Agência Câmara

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