A conturbada relação entre a igreja e a política



Texto enviado ao blog Por Tássio Ricelly
Estudante de Filosofia da Universidade do Estado do Rio Grade do Norte. Bolsista do CNPq
A relação entre a igreja e o estado sempre foi polêmica e recheada de profundas disputas. Durante o período em que a igreja deteve o poder exercendo o papel que hoje é destinado ao Estado, muitas coisas aberrantes ocorreram. Homens da ciência foram mortos por afirmarem o que a igreja simplesmente não concordava, mulheres foram queimadas injustamente. Todo e qualquer indivíduo que ousasse conceber uma verdade que ameaçasse a soberania da igreja era simplesmente considerado herege.

Por longos anos a igreja foi à instituição que mais impôs controle aos indivíduos, resta sabermos em que mudou. Apesar de sabermos que a igreja já não é aquela mesma instituição do período medieval, pois após a Reforma Protestante (1517) todos os indivíduos puderam e tiveram acesso aos escritos sagrados e também lhes foi concedido autonomia subjetiva para interpretá-los, parece-nos que os indivíduos continuam obedientes, senão, adestrados.

Hoje, a igreja exerce controle sob o comportamento dos indivíduos utilizando-se de outros veículos. Outrora, através de um discurso vendia-se uma indulgência, uma vaga no céu, a piedade e a misericórdia de Deus. Hoje, como sabemos que a salvação é dada pela graça, eles vendem a boiada inteira. A igreja que havia cortado seus laços com a política depois de seguidas revoltas tenta retornar a ela. O cenário que enxergamos é demasiadamente angustiante. Líderes religiosos traem a democracia em prol de benefícios locais, e até mesmo em benefício de sua própria instituição. Quando entenderão que a democracia confere o direito soberano ao povo, mas não a este ou aquele grupinho, a esta ou aquela igreja.

Os tempos são outros, já não podemos aceitar qualquer tipo de imposição que seja exterior aos valores que acreditamos ser legais e praticáveis. Se as instituições continuam estabelecendo modelos de comportamentos, cabe aos indivíduos contemporâneos analisá-los, e, aceitá-los se lhes for conveniente. Em suma, devemos entender a tênue relação entre a cobrança da igreja e o dever dos indivíduos para com esta. 

Doutro modo, à medida que a igreja legitima-se como uma instituição encarregada de cuidar da espiritualidade dos seus congregados, não se faz necessário meter-se em assuntos políticos, que, na maioria dos casos, envolvem corrupção e escândalo.

A instituição que deveria se responsabilizar por polir os valores morais construídos por uma tradição milenar tem ajudado a destruí-los. Os responsáveis: seus líderes. Estes, tem se utilizado do poder indutivo que é conferido ao seu papel, moldando e induzindo as pessoas na escolha deste ou daquele candidato.

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