Pior seca dos últimos 50 anos revela ruínas de cidades desaparecidas no Sertão

Seca fez reaparecer postes e monumentos da cidade de Jaguaribara, que, assim como Canudos, foi inundada para dar lugar a um açude.  
No Nordeste do Brasil, a pior seca dos últimos 50 anos tem revelado uma parte da história do sertão. Veja na reportagem de Alessandro Torres. 
Onde a água desapareceu, a história vem à tona. Em Sergipe, fósseis de mamíferos gigantes, que viveram há mais de dez mil anos, estão surgindo nos lugares onde os riachos secaram. 
Na Bahia, apareceram as ruínas da cidade de Canudos, inundada há 44 anos para dar lugar a um dos maiores açudes do estado. O nível da água desceu 11 metros. 
"Nós necessitamos da chuva que cai e, sem essa chuva, não há aporte de água nos reservatórios. Até os grandes açudes estão com seus reservatórios, suas marcas muito baixas", comenta Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme. 
É o caso do Castanhão, no Ceará, que está com a metade da capacidade. A seca fez reaparecer postes e monumentos da cidade de Jaguaribara, que, assim como Canudos, foi inundada para dar lugar a um açude. 
O nível baixo do açude não traz à tona apenas indícios da velha Jaguaribara. Um dos pontos mais altos da cidade está completamente à mostra revelando ruínas. A caixa d´água da cidade, durante 11 anos, ficou submersa num dos maiores reservatórios de água do Nordeste. 
A situação mexe com a memória e os sentimentos de quem viveu na cidade que, agora, ressurge das águas. 
"Eu nasci lá, me criei, vivi todo meu tempo lá, então, pra mim, é uma vontade de voltar e tentar viver naquela cidade que sempre a gente teve o maior bem por ela", diz o funcionário público Jesus Carneiro Freitas. 
"Saber que quando aparecem aqueles postes, aquela caixa d´água onde, ás vezes, a gente ficava ali debaixo brincando, andando, conversando, aí volta todo aquele filme de quando a gente morava lá. É muito triste, muito emocionante sabia... Muito emocionante", observa o funcionário público Mathusalem Peixoto Maia.

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