Quando um disparo de arma de fogo deve ser efetuado? Quando existe um alvo específico que se quer atingir. Ensinamento básico, óbvio, mas que muitos policiais ainda insistem em descumprir, principalmente para intimidar suspeitos com o estampido dos “tiros para cima”. No caso a seguir, ocorrido com um policial militar, após disparar para cima tentando fazer com que um suspeito se amedrontasse, o PM acabou atingindo um inocente que atendia o celular na varanda de seu apartamento.
A vítima morreu. O policial está preso:
Um policial militar atirou para cima durante uma perseguição no Jaçanã (zona norte) e matou com um tiro na testa um vendedor de 37 anos, que estava ao telefone na janela de sua casa.
O caso aconteceu anteontem à noite.
O PM foi preso e indiciado sob suspeita de homicídio doloso (com intenção de matar).
Flávio Roberto das Neves conversava com a filha de 14 anos ao celular. De acordo com vizinhos do vendedor, o sinal de celular na região é fraco e quem precisa usá-lo tem que ficar perto da rua.
Segundo a Polícia Civil, o PM fez um disparo de alerta para um acusado de roubo que estava fugindo.
A equipe da PM estava perseguindo dois suspeitos de terem roubado um carro em Guarulhos (Grande São Paulo). Os criminosos bateram o veículo na rua Alcy Borges dos Santos e fugiram a pé dos policiais.
“O policial desceu do carro, gritou para ele parar e deu dois tiros para cima”, afirmou um morador da rua que não quis se identificar. O segundo disparo atingiu Neves.
Para Itajiba Franco, delegado divisionário da Delegacia de Homicídios do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o soldado assumiu o risco de matar. “Não sabemos se essa prática [de atirar para cima] é comum. A Polícia Civil entende que disparar é assumir um risco”, afirmou, sobre o indiciamento sob suspeita de homicídio doloso.
Após o tiro acertar o vendedor, um dos suspeitos, de 20 anos, acabou preso. O comparsa conseguiu fugir.
A Polícia Militar afirmou por meio de nota “que todas as circunstâncias são objeto de apuração” e o caso será investigado pela Corregedoria da corporação.
O soldado foi levado para presídio Romão Gomes, na Água Fria (zona norte). A reportagem não teve acesso à defesa do policial ontem.
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