Depois de VEJA revelar que o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) gasta verba da Câmara dos Deputados com a contratação de uma empresa fantasma ligada a um peemedebista, o parlamentar se pronunciou por meio de uma nota. O texto, curto, diz apenas que a Global Transportes está "legalmente constituída" e que o deputado pediu a apuração dos fatos: "Foi determinada, pelo deputado, a apuração rigorosa da existência de possíveis irregularidades conforme noticiadas na referida reportagem".
Reportagem publicada pela última edição de VEJA mostra que a Global Transportes, que recebe 8 300 reais por mês do gabinete de Alves, registrou endereço numa casa na periferia de Brasília. A vendedora Viviane dos Santos, que oficialmente é dona da empresa, disse que nunca soube do contrato com o deputado - e confirmou ter emprestado seu nome para uma tia, responsável pela locação dos veículos. Kelen Gomes, a tia, tentou explicar: “Nós arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. A Global é ligada a César Cunha, ex-assessor do PMDB que já forneceu notas fiscais a Henrique Eduardo Alves, por meio de outra empresa de fachada, a Executiva. Desde 2009, o gabinete do deputado repassou às empresas de Cunha um total de 357 000 reais.
O deputado ajudou a aumentar a confusão: primeiro disse que, quando está em Brasília, utiliza carro próprio. Depois, corrigiu-se afirmando que o carro que usa na capital federal é alugado, sim, mas ele não se lembra nem mesmo do modelo. Por fim, mandou que um funcionário de seu gabinete, Wellington Costa, desse explicações. “Você acha que eu cuido disso?”, reagiu Alves. O funcionário, porém, admitiu: “Talvez o deputado não se lembre, mas foi ele quem mandou contratar essa empresa”.
Atual líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves deve ser escolhido para presidir a Casa no próximo biênio. A escolha deve ser oficializada em 4 de feveiro, quando os deputados retornam do recesso parlamentar.
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