Auxiliares próximos de Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram ontem publicamente que o ex-presidente não será candidato ao Planalto em 2014 e apoiará a reeleição de Dilma Rousseff. Segundo eles, o líder petista também descarta concorrer ao governo paulista. Em encontro realizado com ministros de Dilma e ex-ministros de seu governo, além de intelectuais, Lula disse que quer "ser ex-presidente sem se meter no exercício de quem exerce a Presidência".
Nas últimas semanas, o petista - que no ano passado recebeu o diagnóstico de cura do câncer que o acometeu - começou a se movimentar mais politicamente. Na semana passada, reuniu-se com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e seu secretariado para dar orientações. Também combinou de se encontrar com Dilma.
A movimentação de Lula, aliada ao anúncio feito pelo ex-presidente no final do ano passado de que voltaria a percorrer o Brasil em 2013, suscitou dúvidas no meio político quanto à sua disposição de se manter distante da disputa eleitoral de 2014. A isso se soma a tese repetida por petistas, desde que Lula deixou o cargo, de que o ex-presidente voltaria caso a crise econômica atingisse o País e fizesse despencar a popularidade de Dilma, sua afilhada política.
'Nossa candidata'
"A nossa candidata em 2014 se chama Dilma Rousseff. Essa é a nossa candidata em 2014", afirmou o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que participou da reunião promovida pela entidade em São Paulo. "Vamos trabalhar para a sua reeleição para que a gente continue fazendo esse governo extraordinário, que tem dificuldade, mas pode fazer muita coisa ainda pelo Brasil", completou.
Luiz Dulci, que chefiou a Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Lula e hoje também pilota o Instituto, fez coro a Okamotto. "Sou auxiliar, mas não sou porta-voz e muito menos porta-sentimentos, mas o presidente Lula já se manifestou claramente sobre isso dizendo que a candidata dele é a presidente Dilma Rousseff", disse Dulci, responsável por escrever discursos de Lula no primeiro mandato. "Claro que cada comentarista tem liberdade pra supor o que quiser, mas a manifestação do presidente foi clara, de que a candidata dele é a presidente Dilma."
Auxiliar há 32 anos do ex-presidente e ex-ministro dos Direitos Humano, Paulo Vanucchi - outro integrante do Instituto Lula - foi além. Segundo ele, Lula não quer ser candidato nem em 2018, quando Dilma não poderá se reeleger. "Ele não é candidato em 2014, está fora de questão. Não tem isso, esvaziem essa pauta. Se os editores apertarem vocês, peçam para os editores saírem da redação e andarem um pouco mais. Não vou discutir nem 2014. Vou falar de 18. O Lula não quer ser presidente em 2018".
Vanucchi afirmou que uma candidatura em 2018 seria possível apenas em uma situação extrema. "A chance maior do Lula é não ser mais candidato a presidente da República, é trabalhar para não ser mais. Não digo que não será em hipótese alguma em 2018 porque se houver um acirramento das contradições, se houver crise nacional e ele despontar como um polo de consenso para reaglutinar as forças do País, aí ele se dispõe", afirmou.
Ele afirmou ainda que chegou a tentar conversar com o ex-presidente sobre a possibilidade de ele ser candidato ao governo de São Paulo logo após uma entrevista em que o marqueteiro petista, João Santana, defendeu a tese. Segundo Vanucchi, Lula rechaçou de pronto a ideia. "Ele não quer, também não é candidato a governador", garantiu. "Ele proibiu qualquer de nós a tocar no assunto de novo. Eu calei a minha boca. Ele disse: 'proíbo vocês, tá fora de cogitação, não tá nos meus planos'. Nem quis dar argumentos."
Lula não deu entrevistas ontem. Aos intelectuais, tratou de assuntos da América Latina . Na abertura, porém, falou sobre sua atual situação política. "É um desafio extraordinário aprender a ser ex-presidente da República", disse. "Eu tinha um pacto comigo mesmo de que era preciso mostrar que era possível ser um ex-presidente sem se meter no exercício de quem estava exercendo a Presidência", prosseguiu Lula. "Mesmo quando essa pessoa que está exercendo a Presidência seja uma ex-ministra minha, uma companheira da mais extraordinária confiança", concluiu, referindo-se a Dilma.
O ministro Celso Amorim, da Defesa, e o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, auxiliares de Lula que permaneceram no governo de sua sucessora, participaram do encontro.
Fonte: Agência Estado/RN politica em Dia
Foto: Terra Britto/Futura/Estadão
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