Colapso no abastecimento d'água em Luís Gomes, na Região do Alto Oeste do RN, completa um ano


O colapso no abastecimento de água potável no município potiguar de Luís Gomes, distante 442 quilômetros de Natal, completa um ano nesta segunda-feira, 29 de outubro.

Sem perspectivas concretas de melhorias e regularização da oferta do líquido, a população de aproximadamente 10 mil habitantes precisa recorrer aos reservatórios abastecidos pelo Governo do Estado através de carros-pipa ou pagar R$ 20 por cada mil litros. A água disponibilizada, porém, não é suficiente para atender a todos os moradores da cidade.

A estimativa é de que a situação atual seja regularizada até o final do ano, conforme analisou o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gilberto Jales, no vídeo acima. (para ver o vídeo CLIQUE AQUI

No dia 22 deste mês, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou, em coletiva de imprensa, investimentos da ordem de R$ 755 milhões nas obras de combate à seca no Rio Grande do Norte. As intervenções incluem a construção e ampliação de adutoras e barragens que devem garantir o abastecimento de Luís Gomes. O temor da população local, porém, é de que os reservatórios que deverão abastecer o município através das adutoras não disponham de água suficiente.
A cidade de Luís Gomes foi uma das primeiras do Rio Grande do Norte a decretar estado de emergência em decorrência da estiagem. Em seguida, com o agravamento da crise, a Prefeitura Municipal decretou estado de calamidade pública. O único açude que abastece o município, o Dona Lulu Pinto, com capacidade de armazenamento de cinco milhões de litros d'água, secou. O que se vê atualmente no entorno do reservatório é o solo rachado e uma paisagem seca e desoladora.

A estiagem que atinge a cidade há pelo menos um ano é a pior da história na região. A situação, porém, atingiu mais de 140 cidades potiguares e o Governo do Estado decretou situação de emergência em maio deste ano por seis meses. O período, entretanto, foi prorrogado por mais 180 dias para que os projetos e recursos viabilizados pelo Executivo Estadual, possam ser viabilizados.
Além da falta de chuvas, a localização geográfica do município se torna um fator a mais de dificuldade quanto à chegada de água através dos canos da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Luís Gomes é uma cidade serrana, localizada a 600 metros de altura em relação ao nível do mar. Somente através de carros-pipa e caçambas, que abastecem 18 caixas d'água com capacidade para armazenar 10 mil litros cada, o líquido é distribuído gratuitamente à população.
Os motoristas dos caminhões precisam se deslocar por até 100 quilômetros para abastecer os reservatórios móveis. Já os moradores, recorrem aos velhos galões e tambores de plástico para garantir o mínimo de água necessário ao consumo diário. Os reservatórios artificiais foram disponibilizados pela Caern, mas não são suficientes, conforme relataram os habitantes do município. É preciso reutilizar o líquido. Conforme relatos de moradores, a água usada para tomar banho é a mesma jogada no vaso sanitário para limpá-lo.
A amenização do problema, porém, só deverá ocorrer em 2013. O Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), iniciou a construção da adutora do Alto Oeste. O sistema de abastecimento deverá beneficiar 22 municípios da região, dentre eles Luís Gomes. Entretanto, apesar das obras serem um alento ao sofrimento dos moradores da cidade, uma nova preocupação surgiu. A população está receosa de que a água da Barragem de Pau dos Ferros, que será uma das fontes para abastecimento de Luís Gomes, não seja suficiente. O nível da barragem está hoje menor que 30% da sua capacidade total.
As perdas causadas pela estiagem já atingiram as plantações do município, além da produção artesanal de rapadura e o turismo na região serrana. A seca causou a morte de gado e a produção de leite e derivados reduziu em mais de 90%, segundo relatos de produtores.

Fonte: G1/RN

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