Padre Omar lança primeiro álbum; veja top 5 com sacerdotes cantore
'É mais uma das quinhentas coisas que eu faço', diz, sobre carreira musical.
Padre Omar (Foto: Washington Possato/Divulgação)
Já não é novidade que os padres cantores têm dominado a lista dos discos mais vendidos no Brasil
de uns anos para cá. Não será surpresa se "Peço a Deus", CD de estreia
de Padre Omar, marcar presença no ranking quando 2012 chegar ao fim. Veja clipe com o samba oração "Peço a Deus".Mas, se o fato de um padre investir na carreira musical já não é mais novidade nos dias de hoje, a ideia de misturar samba e oração em um mesmo caldeirão provavelmente é. Pelo menos é o que acredita Padre Omar, que usa o gênero para passar adiante a mensagem da igreja.
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"É um diferencial que a gente trouxe", afirma ao G1.
"O samba que a gente canta não é sensual, que apenas cria entusiasmo.
Usamos o samba para comunicar um valor, uma virtude, uma mensagem de
Jesus Cristo. O samba é uma linguagem".Com 13 faixas, o disco tem como carro-chefe o single que conta com a participação do sambista Diogo Nogueira. "Peço a Deus" conta ainda com uma versão de "Amigos para sempre", na qual compartilha o microfone com outros dois padres, Juarez de Castro e Gleuson Gomes, e "A montanha", de Roberto e Erasmo Carlos, com participação de Padre Jorjão.
G1 – Um padre precisa ser bom cantor pra lançar um disco?
Padre Omar – Para cantar ele tem que ter qualidade musical, porque vai chegar uma hora que ele terá que fazer uma apresentação ao vivo e cumprir a sua missão ali, né? Não pode ser um padre fake, um cantor fake. É melhor ele fazer outra coisa, ele pode pregar na igreja, fazer outras coisas. Quem tem o dom da música deve trabalhar na igreja a partir desse dom. A igreja é muito aberta e compreende muito bem os carismas e a gente trabalha com o dom que Deus nos deu. Eu me qualifiquei para isso.
Padre Omar e Diogo Nogueira no estúdio, durante gravação do disco 'Peça a Deus' (Foto: Divulgação)
G1 – 'Peço a Deus' tem Diogo Nogueira. Como foi a participação?Padre Omar – Diogo Nogueira é um jovem cantor que é muito querido no Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Sempre admirei as canções dele e de seu pai [João Nogueira], que é uma referência musical. Ter Diogo cantando é muito bom, é um rapaz virtuoso, que tem fé, portanto foi uma boa parceria.
G1 – As pessoas podem te chamar de padre pagodeiro?
Padre Omar – Pode ser. O CD tem outros estilos, mas a inovação está no samba. Não é comum padres cantando samba. Esse é um diferencial, mas tem outros ritmos. Tem baladas, músicas tradicionais da igreja, como “A benção, João de Deus”. Samba é interessante por ser uma linguagem moderna, a galera está gostando. Abre diálogo com outro universo.
G1 – Qual é sua relação com o samba?
Padre Omar – Jorge Cardoso [produtor] é o grande maestro do samba do Rio de Janeiro, um homem que eu já conhecia e tinha amizade e carinho, um homem que respeita muito a figura do padre, que tem fé. Minha ideia era criar um samba orante, um samba que comunicasse uma espiritualidade. O samba que a gente canta não é sensual, que apenas cria entusiasmo. Usamos o samba para comunicar um valor, uma virtude, uma mensagem de Jesus Cristo. O samba é uma linguagem. Quando ela é repleta de conteúdo vira algo fabuloso, pode ser utilizado pra evangelização. O CD é um produto? Sim. Mas a finalidade é evangelizar.
G1 – Você não vê problema em pegar músicas tradicionais de igreja e dar novas roupagens a elas?
Padre Omar – Fiz essa experiência no CD. Há uma música, que é tradicional, e a gente fez uma releitura. Para ser considerada uma música católica, ela precisa ter, primeiro, o louvor a Deus, para assim ser cantada por um padre. A segunda característica é a edificação dos fiéis, ou seja, tem que ter qualidade. A gente não pode cantar qualquer coisa, música sem mensagem, só pelo ritmo. O ritmo é um meio para você poder comunicar alguma coisa. Conseguimos atingir esses dois objetivos.
G1 – Você gravaria, por exemplo, com Belo, que foi condenado na Justiça, como fez Padre Marcelo Rossi?
Padre Omar – O Padre Marcelo fez isso, né? Gravou com ele. É... pode ser. A gente não tem preconceito não. Acho que é importante o padre conhecer bem aquele que ele chama para uma parceria. O Padre Marcelo conhece bem o Belo, tanto que o casou. Desde que você conheça bem a vida da pessoa que está cantando com você, acho que toda parceria é bem vinda. Desde que você tenha o conhecimento de quem está contigo.
G1 – Sua formação musical é clássica. Como foi a aproximação com o pop?
Padre Omar – A formação é bem clássica, de seminários e conservatórios. Mas já no Conservatório Brasileiro de Música eu tive contato com o samba, por exemplo, quando estudei a origem do samba e de outros ritmos nativos. É maravilhoso a gente poder olhar isso. Acho que a gente pode cantar a música religiosa em outros ritmos, até ritmos próprios dos americanos, como o gospel, mas existe uma música que é brasileira e que pode ser cantada com o conteúdo da nossa fé.
G1 – Como é seu trabalho como consultor para assuntos religiosos na Rede Globo?
Padre Omar – Fazemos um laboratório com os atores, acompanhamos as cenas religiosas, um dia todo às vezes acompanhando uma cena... É muito agradável porque a gente pode, através daquela produção, fazer a coisa certa, mostrar para o público como é que é. Padre com a roupa certa, fazendo o gesto certo, para que o ator se sinta mais seguro na hora de atuar. Com um padre de verdade do lado dá uma tranquilidade na hora da produção. É preciso mostrar o realismo.
G1 – Como é conciliar a vida de padre e de artista/cantor? Ou na sua cabeça tudo faz parte de uma só coisa?
Padre Omar – É mais uma das quinhentas coisas que eu faço. A gente tem que ser 100% padre. Eu sou padre durante 24 horas. Se eu tiver que cantar, fazer um enterro, um batizado, tiver que visitar um doente no hospital, estarei com a mesma alegria e disponibilidade. Não tem essa não de "agora sou isso, agora sou aquilo". Isso é bobagem. Tem que ser autêntico e verdadeiro. Isso não é discurso não, hein? Isso é sér
fonte g1
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